quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Nota do diário de uma ex namorada 2

Nos conhecemos em um dos dias mais ferrados da minha vida. Engraçado, estava indignada de como  mantendo tudo sobre controle estava sendo até fácil, comparada com a tamanha vontade de ser mais infantil que o normal.
Ele é de sagitário. Fiquei sabendo depois.
Eu o já o conhecia de relatos e boatos complicados sobre seu temperamento difícil e problemático.
Mas eu não fazia ideia de quem ele era.
Ele me lembrou aqueles espíritos livres, revolução, diretas já, todos os ideais jovens e sociais... em pouco minutos de conversa senti que encontrei alguém, realmente, único.
E eu estava certa o tempo todo.
A coisa que nele dele eu mais gostava era seu sorriso.
Também não posso esquecer do seu abraço tão aconchegante e aquele senso de humor e afeto que eu achara que não teria fim.
Gostava de ver ele dormindo e era o momento que ele sempre conseguia ser mais lindo.... Odiava o fato de vê-lo fumar e o cheiro e o gosto dos seus cigarros... Eu levantava minhas bandeiras de "troque o cigarro pelo baseado" mas ele nunca tentou ser... ele já era demais para aderir novas ideologias ou abandonar por alguém ou por si mesmo seus hábitos antigos.
Teimoso. Emburrado. Arrogante. Inseguro. Extremamente pessimista.
Não é nenhum pouco difícil falar sobre seus defeitos,.. os quais me tiravam do sério.
Mas suas qualidades, o seu coração bom... ele era um bom namorado, mas principalmente um bom homem.
Generoso, paciente, engraçado, competente, inteligente... nervoso... pois bem.
E eu o amava.
Cada dia o amava mais,
E quando ele me ligou dizendo que estava chegando eu pude ver no seu tom de voz que o fim estava mais próximo... ou melhor, o fim já não era assunto a prolongar.
Chegou, com aqueles olhos tristes, face fechada e senti quando o abracei que, da mesma maneira que senti pós um surto ansioso nervoso em seu carro que ele já não era minha propriedade... e a unica coisa que conseguia pensar era como tudo o que construímos foi acabar tão longe de nós mesmos.

Entrou no quarto, da sua mochila tirou o cinto do meu casaco de lã-batida e minha toalha.

Eu chorei e senti uma especie de dor que quebrou com todas minhas estruturas.

Sincero. Não consigo até hoje definir se atribuo à qualidade ou defeito.

Os motivos de nosso fim foram o meu suposto fim.
Eu juro que pensei em implorar que ele ficasse, mas me lembrei que li uma vez que não imploramos o amor de ninguém, muito menos quando ele só parte de uma pessoa só...

 "Você me ama?"
"Claro que sim...
...só não da mesma forma..."
Me respondam, qual é a forma de amar? Ou melhor... de que forma amar da mesma forma?

Ele pegou suas coisas, atendeu meu pedido de último beijo e foi embora. E logo voltou porque a porta de saída estava fechada e ele precisava que alguém abrisse.
Eu o observei enquanto falava ... e no quarto só, só eu era tudo o que eu tinha.
O olhando de longe pensei "seu lugar é aqui, largue essas coisas agora e vem dormir juntinho comigo!... afinal de contas: você esquecendo de me levar!".
Agora cheguei  conclusão que sempre me esquecem de levar.
Sei lá.
Não devo me comportar bem em público.
Pelo menos é isso que minha mãe usa como argumento quando fala que mesmo amando e achando meu cachorro querido, é impossível levá-lo consigo para  passear ...
Quem disse que fins são inesperáveis, nunca disse que são rápidos também.
Ele realmente foi sensacional
;
o fim ou o namorado?





Nota do diário de uma ex-namorada 1

Simplesmente algo deu muito errado. Eu tenho aquela sensação de que algo foi-me roubado e deixado à merce de todas as banalidades possíveis: eu estou me tornando um cliché de entulhos?
Não consigo mais escrever. Ouvir músicas. Me concentrar. Desenhar. Beber. Fumar. Rir muito. Sonhar com alguma coisas. Não consigo ter mais pesadelos. Não consigo beijar sem desligar meu cérebro. Não consigo manter... manter alguma coisa que nem eu sei dizer.
Sinto que é uma mistura de equilíbrio com desconforto que me deixa tão sem graça.
Não tenho vontade de usar meu batom vermelho, que era minha marca registrada.
Tenho apenas uma grande vontade de caminhar (invisível) ente as pessoas e tentar achar onde, quando e como que me perdi tão severamente.
Me disseram que términos de relacionamentos são sempre assim: sofrimento garantindo até 3 meses ou seu equilíbrio emocional de volta.
Mas... e quando não conseguimos exatamente sofrer? Quer dizer.. quando sentimos falta de sofrer muito, mas (re)nascer limpa e com tudo em cima.
Parece que quando você começa a empurrar com a barriga meio que tudo vira gordura.
Estranho, sempre gostei do número 7 porque achava ele bonito e perfeito.
Agora não sei do que gosto, apenas do que sinto falta de gostar.
Mas morangos, abacaxi e kiwi eu ainda tenho um certo apreço.


imaginar ... nem isso

será que todas as minhas fantasias são um sinal da minha própria inflexibilidade e dificuldade de aceitar a realidade? desenhei uma versão d...